Opinión

Os nossos clássicos

Um dos princípios que sempre nos inculcou o catedrático Enrique Moreno Báez na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santiago foi que sempre lêssemos e apreendêssemos dos clássicos, porque perduram no tempo e som fonte enriquecedora do saber, da ciência, da ética, do Humanismo. Clássicos existem em todos os campos do saber: Direito, Filologia, Filosofia, História, Literatura, Política... Na área da Filosofia e da Política, na nossa opiniom som indiscutíveis duas figuras: Aristóteles (filósofo grego, com profunda influência sobre o desenvolvimento da cultura ocidental) e Montesquieu e o seu axioma da separaçom de poderes (o “poder executivo”, o “poder judiciário” e o “poder legislativo”), essenciais, inerentes, e fundamentais na configuraçom dos Estados democráticos e de Direito.

Os nossos clássicos fundamentais nascem polas disciplinas que cursávamos na secçom de Filologia Românica (na década de 1960) e estudávamos obras clássicas da Filologia Românica e obras literárias de grande valor das línguas francesa (“Chanson de Roland”, Corneille, Racine, Molière...), italiana (Dante, Petrarca...), catalana (em vários períodos da história interna e externa), e galego-portuguesa (Carvalho Calero além do estudo dos nossos clássicos Rosalia, Curros, Pondal, os contributos das “Irmandades da Fala”, a “Geraçom Nós”... introduziu-nos num mundo desconhecido pola maior parte dos estudantes, e abriu-nos novos horizontes para que conhecêssemos a realidade dessa cultura universal constituída polas obras de autores galegos, portugueses, brasileiros ou de outros países (a poesia trovadoresca galego-portuguesa, o excelso Camões, Edwin B. Williams, Rodrigues Lapa, Guerra da Cal, Lindley Cintra, Celso Cunha, Serafim da Silva Neto, Sílvio Elia, Chaves de Melo, Azevedo Filho, etcétera).

Na atualidade existe um exagerado localismo, provincianismo que nom possibilita ter horizontes extensos dos estudos filológicos e obras literárias básicas da Literatura Universal, os programas vigentes no ensino secundário e mesmo no universitário, como sempre lembrava Guerra da Cal, priorizam a “petitesse”, nom costumam ver mais alá das quatro províncias galegas, ancoradas no irrelevante, quando nom na mediocridade ou recomendadas em funçom dos “prémios”, valores que desaparecem com o decorrer do tempo.

Os contributos de lexicógrafos e lingüistas europeus ou brasileiros como Coromines, Houaiss, Saussure, Coseriu, ou norte-americanos como Chomsky... ajudarom a que hoje podamos reflectir sobre novidades neste mundo globalizado e com mudanças freqüentes, que nos permitem asseverar (“nihil novum sub sole”). Novas vozes reclamam voltar a programas educativos que tivérom como resultado profissionais bem formados e com um saber universal, fundado nas raízes da Cultura dos Clássicos.

*Professora catedrática de Universidade

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